quarta-feira, 21 de julho de 2010
Os Livros da Vida do Advogado Pedro Serrano (publicado no Conjur)
O direito está no sangue da família Serrano. Filho de promotor e advogada, Pedro Estevam Serrano, advogado especialista em Direito Administrativo e Constitucional, passou a herança para seus quatro filhos. Dois deles já são formados e atuam na área Jurídica e outros dois ainda estão em formação.
Serrano é leitor assíduo e também fã de filmes sobre vampiros. “Gosto dos clássicos. Esses filmes sobre vampiros da saga Crepúsculo é muito sem graça, sem cor, nem emoção”, reclama.
Sua mãe sempre incentivou a leitura. O primeiro livro que leu foi Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos, "é um livro bem legal", diz. A obra retrata a história de um menino de cinco anos chamado Zezé, que pertencia a uma família muito pobre e numerosa. Zezé tinha muitos irmãos, a sua mãe trabalhava numa fábrica, o pai estava desempregado, e como tal passavam por muitas dificuldades.
Durante sua adolescência fez teatro. "Nessa época ajudei a dirigir uma peça sobre a obra O Mito, de Lauro Cesar Muniz. Esta foi uma época interessante da minha vida, mas ficou pra trás. Tive que me dedicar ao Direito. Essa área é como uma esposa. Não dá sossego", brinca.
Na mesma época, o advogado lembra que leu e gostou muito do livro Dom Casmurro de Machado de Assis, "que é, para mim, o maior escritor da literatura brasileira".
Segundo ele, o livro é um romance psicológico. A história se passa no Rio de Janeiro e narra a trajetória de Bentinho e Capitu. "É uma obra boa de ler porque é o próprio personagem (Betinho) que conta a história. Machado de Assis, em toda sua genialidade, cria um narrador que manipula o leitor a julgar se a traição foi real."
Para ele, é comum que o leitor tenha tendências a seguir por esta análise uma vez que este encontra nos personagens algum tipo de identificação e, é mediante esta reação, que Machado comprova a patologia psicológica que está sujeita a todo ser-humano: o ciúme.
Além de Machado, Serrano conta que outro livro que leu, e, que segundo ele, deve ser lido por aqueles que querem entender a vida contemporânea, foi a obra de Gabriel García Márquez, Cem Ano de Solidão. "O livro relata que uma população inteira perde a memória. Mulheres que se trancam por décadas numa casa escura. Homens que arrastam atrás de si um cortejo de borboletas amarelas. A obra foi lançada em 1967 e é tido como uma das obras-primas da literatura latino-americana moderna", esclarece.
O livro é excepcional, diz, porque mesmo com todos os personagens com a paixão à flor da pele e o realismo mágico de García Márquez a história brutal e às vezes inacreditável dos países latino-americanos não é diluida. "Ao contrário: só a torna mais viva."
Além dos romances, o constitucionalista é apaixonado por poesia. "Pablo Neruda é um dos autores que mais leio. Adoro as poesias épicas dele. Um livro muito bom é o Canto Geral, que se tornou um clássico não só da literatura hispano-americana, mas também da poesia universal do século XX. É uma obra atípica e representa uma reviravolta na poética de Pablo Neruda. O livro foi escrito quando Neruda, por ser membro do Partido Comunista, sofria forte perseguição pela polícia do presidente chileno González Videla, sendo obrigado a transpor a Cordilheira dos Andes e refugiar-se no exterior", explica.
"Além disso, o livro é de caráter enciclopédico, reúne os mais variados temas, gêneros e técnicas, dividindo-se em 15 seções e 231 poemas. O livro nasceu marcado pelo sofrimento, tendo o poeta testemunhado, por intermédio dele, o seu grande amor tanto pelo Chile e por seu povo, quanto pelos povos oprimidos da América Latina. É uma obra que une o combate e a ternura", lembra o advogado.
Dentre outros títulos de Neruda, o advogado também destaca que gosta de ler os sonetos camonianos dele que podem ser encontrados no livro Cem Sonetos de Amor. "Na obra é possível encontrar um soneto que ele fez para sua esposa. É simplesmente lindo", afirma.
Além de literatura, filmes e poesia, o advogado tem dedicado sua leitura aos livros sobre Direito. "Nessa área são livros importantes para quem quer estudar e entender sobre o Direito contemporâneo os livros: Teoria Pura do Direito, de Hans Kelsen, e O Guardião da Constituição, de Carl Shimitt", recomenda.
Hoje, além da leitura, ele tem como hobby viajar. "Para falar a verdade, eu prefiro as viagens. Adoro pescar. Sempre que posso e que tenho tempo viajo o mundo para pescar", declara.
"Mas é importante que se saiba que toda leitura é essencial. Independente do gênero. É imprescindível que da leitura se tire o 'sumo', a essência, da obra e se aplique no dia a dia. O que interessa é manter-se informado. No meu caso é indispensável a leitura", diz.
Pedro Serrano é sócio do escritório Tojal, Teixeira Ferreira, Serrano & Renault Advogados Associados. É mestre e doutor em Direito do Estado pela PUC-SP, é professor de Direito Constitucional, Fundamentos de Direito Público e Prática Forense de Direito Público. Foi procurador do estado de São Paulo e consultor especial da Câmara Municipal de São Paulo.
Além de ler, o professor também escreveu os livros Região Metropolitana e seu regime constitucional, O Desvio de Poder na Função Legislativa e em co-autoria Dez anos de Constituição.
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