sábado, 2 de outubro de 2010
Coluna Pedro Serrano no última instancia
O ministro e o indiozinho
Pedro Estevam Serrano - 02/10/2010
“Hoje me chamam de ministro
E eu decido sob respeitável toga
Meu coração, porém, não mudou nada
Continuo um romântico indiozinho a remar sua piroga
E a cismar por entre árvores, à noitinha
Vendo em cada pirilampo e em cada estrela
Os faiscantes olhos da namoradinha”
Carlos Ayres de Britto
Os processos humanos de comunicação padecem, sempre e necessariamente, do fato de serem marcados pelo fracionamento. Isto porque a própria percepção humana se dá de forma fracionada em relação ao real. Impossível, mesmo na ausência de rigor do conhecimento na vida cotidiana, apreendermos totalidades e essências.
Nos veículos de mídia, este fracionamento do real chega a ser terrível em certas situações. Formamos uma impressão de determinada categoria de fatos ou comportamentos e por representações fracionadas de novos fatos vamos enquadrando-os nestas categorias através de juízos de valor.
Muitas injustiças ocorrem no cotidiano do noticiário por este problema. Por exemplo, todos acreditamos que o Estado brasileiro, apesar dos esforços em sentido contrário, ainda padece do mal da corrupção em seus vários sentidos. Lemos nos jornais alguma insinuação quanto à prática ilícita de alguém e já o incluímos em nosso juízo pessoal na categoria dos malfeitores, muitas vezes, sem sequer ler o todo da notícia.
Nessa complexa mecânica comunicativa que trucida reputações sem dó e sem preocupações de justiça e ponderação, alguns homens de bem são vitimados. Em geral, nos calamos. Às vezes não é possível calar. Avilta demais nosso senso de correção e justiça ver alguém que sabemos integralmente honesto envolvido em notícias de tal jaez, mesmo que os fatos noticiados já o inocentem por simples lógica dedutiva.
Nessas horas devemos ter a consciência de que se nos surge um dever de cidadania e humano. O dever do testemunho.
É o que sinto em relação aos fatos recentes, noticiados pela mídia, que envolveram o ministro Carlos Ayres Britto. Os fatos noticiados já esclarecem por si seu não envolvimento em nada de ilícito, mas não podemos aceitar um certo tom de maldade que paira neste tipo de noticiário, quando a vitima é alguém da integridade do ministro atacado.
Sou advogado de foro e de consultoria, mas meu pendor é pelo litígio. Acompanho de forma discreta, mas cotidiana, não apenas a jurisprudência, mas a vida de nossos tribunais. Quem frequenta minimamente o cotidiano forense do Supremo Tribunal Federal e seus corredores sabe que o ministro Carlos Ayres Britto não apenas é incorruptível, mas é um julgador cioso de fazer o bem em seus julgados, atento aos mais fundantes valores de nosso Estado Social e Democrático de Direito, mas também atento ao sentido do justo que brota dos corações sensíveis como o dele.
As pessoas que frequentam o meio acadêmico de Direito Público sabem tanto de seus invulgares atributos intelectuais como de sua correção ética, que de tão manifesta e impregnada nele se traduz em gestos de carinho e acolhimento pelo semelhante. Uma ética meta-intelectual, sensível, poética.
Quando li o noticiário não me preocupei, sei que todos que conhecem o ministro não levariam a infâmia subentendida a sério. Mas, ao receber e-mail com todas as entidades representativas do direito administrativo do país emprestando solidariedade a ele, atinei ao fato que o grande público conhece o ministro, mas não suas qualidades. O grande público não frequenta seminários, cursos de Direito Público ou os corredores do STF.
Daí vem o dever de todos nós, profissionais do direito, em prestar nosso testemunho à comunidade, repudiando totalmente qualquer ilação insidiosa que se queira fazer contra o ministro.
Mas não consigo ficar apenas neste passo. Neste momento, não posso deixar de manifestar afetos. Uma profunda tristeza e até uma certa revolta com o destino. Que diabo de mundo estamos construindo que sujeita um homem tão íntegro e de uma ética humana e afetiva como Carlos de Britto a uma situação desagradável dessas?
Não quero terminar este artigo numa mensagem de solidariedade ao íntegro apenas, mas de solicitar a todos os colegas que manifestem seu testemunho em favor do ministro injustamente atacado. É nosso dever de cidadão em defesa do que de bom ainda habita o humano.
Pedro Estevam Serrano - 02/10/2010
“Hoje me chamam de ministro
E eu decido sob respeitável toga
Meu coração, porém, não mudou nada
Continuo um romântico indiozinho a remar sua piroga
E a cismar por entre árvores, à noitinha
Vendo em cada pirilampo e em cada estrela
Os faiscantes olhos da namoradinha”
Carlos Ayres de Britto
Os processos humanos de comunicação padecem, sempre e necessariamente, do fato de serem marcados pelo fracionamento. Isto porque a própria percepção humana se dá de forma fracionada em relação ao real. Impossível, mesmo na ausência de rigor do conhecimento na vida cotidiana, apreendermos totalidades e essências.
Nos veículos de mídia, este fracionamento do real chega a ser terrível em certas situações. Formamos uma impressão de determinada categoria de fatos ou comportamentos e por representações fracionadas de novos fatos vamos enquadrando-os nestas categorias através de juízos de valor.
Muitas injustiças ocorrem no cotidiano do noticiário por este problema. Por exemplo, todos acreditamos que o Estado brasileiro, apesar dos esforços em sentido contrário, ainda padece do mal da corrupção em seus vários sentidos. Lemos nos jornais alguma insinuação quanto à prática ilícita de alguém e já o incluímos em nosso juízo pessoal na categoria dos malfeitores, muitas vezes, sem sequer ler o todo da notícia.
Nessa complexa mecânica comunicativa que trucida reputações sem dó e sem preocupações de justiça e ponderação, alguns homens de bem são vitimados. Em geral, nos calamos. Às vezes não é possível calar. Avilta demais nosso senso de correção e justiça ver alguém que sabemos integralmente honesto envolvido em notícias de tal jaez, mesmo que os fatos noticiados já o inocentem por simples lógica dedutiva.
Nessas horas devemos ter a consciência de que se nos surge um dever de cidadania e humano. O dever do testemunho.
É o que sinto em relação aos fatos recentes, noticiados pela mídia, que envolveram o ministro Carlos Ayres Britto. Os fatos noticiados já esclarecem por si seu não envolvimento em nada de ilícito, mas não podemos aceitar um certo tom de maldade que paira neste tipo de noticiário, quando a vitima é alguém da integridade do ministro atacado.
Sou advogado de foro e de consultoria, mas meu pendor é pelo litígio. Acompanho de forma discreta, mas cotidiana, não apenas a jurisprudência, mas a vida de nossos tribunais. Quem frequenta minimamente o cotidiano forense do Supremo Tribunal Federal e seus corredores sabe que o ministro Carlos Ayres Britto não apenas é incorruptível, mas é um julgador cioso de fazer o bem em seus julgados, atento aos mais fundantes valores de nosso Estado Social e Democrático de Direito, mas também atento ao sentido do justo que brota dos corações sensíveis como o dele.
As pessoas que frequentam o meio acadêmico de Direito Público sabem tanto de seus invulgares atributos intelectuais como de sua correção ética, que de tão manifesta e impregnada nele se traduz em gestos de carinho e acolhimento pelo semelhante. Uma ética meta-intelectual, sensível, poética.
Quando li o noticiário não me preocupei, sei que todos que conhecem o ministro não levariam a infâmia subentendida a sério. Mas, ao receber e-mail com todas as entidades representativas do direito administrativo do país emprestando solidariedade a ele, atinei ao fato que o grande público conhece o ministro, mas não suas qualidades. O grande público não frequenta seminários, cursos de Direito Público ou os corredores do STF.
Daí vem o dever de todos nós, profissionais do direito, em prestar nosso testemunho à comunidade, repudiando totalmente qualquer ilação insidiosa que se queira fazer contra o ministro.
Mas não consigo ficar apenas neste passo. Neste momento, não posso deixar de manifestar afetos. Uma profunda tristeza e até uma certa revolta com o destino. Que diabo de mundo estamos construindo que sujeita um homem tão íntegro e de uma ética humana e afetiva como Carlos de Britto a uma situação desagradável dessas?
Não quero terminar este artigo numa mensagem de solidariedade ao íntegro apenas, mas de solicitar a todos os colegas que manifestem seu testemunho em favor do ministro injustamente atacado. É nosso dever de cidadão em defesa do que de bom ainda habita o humano.
Pesquisas Eleitorais
NÃO ACREDITE NAS PESQUISAS
As pesquisas de mercado são manipuladas e não refletem a tendência do
eleitorado.
Realizei um levantamento por conta própria e concluí que a próxima
Presidente da República vai ser minha mãe.
Telefonei para 1.253 pessoas entre duas e quatro da madrugada e
perguntei: EM QUEM VOCÊ VAI VOTAR PARA PRESIDENTE?
Todos os entrevistados responderam: NA PUTA QUE TE PARIU.
As pesquisas de mercado são manipuladas e não refletem a tendência do
eleitorado.
Realizei um levantamento por conta própria e concluí que a próxima
Presidente da República vai ser minha mãe.
Telefonei para 1.253 pessoas entre duas e quatro da madrugada e
perguntei: EM QUEM VOCÊ VAI VOTAR PARA PRESIDENTE?
Todos os entrevistados responderam: NA PUTA QUE TE PARIU.
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